Domingo, 24 de Agosto de 2008

A Verdade do Amor

Há dez anos que olho de frente nos olhos de alguém que me faz feliz e há dez anos que caminhamos juntos nos trilhos que traçámos a cada passo improvisado dos nossos sonhos de afecto que vamos tornando reais e vivemos de almas entrelaçadas por um amor que se engrandece e se agiganta dentro de nós.

É com paixão que o olho desde o dia em que o conheci, é com paixão que o farei enquanto formos vivos e estivermos lado a lado. Olho o meu marido e a minha filha e somos tão perfeitos na nossa imperfeição, tão unidos mesmo quando nos zangamos, tão felizes mesmo quando sofremos.

Sempre o faremos de olhos postos um no outro. Nunca nos olhámos pelo canto do olho, em jeito de desconfiança, nunca nos olhámos um por cima do outro, em jeito de superioridade, nunca virámos costas, em jeito de birra de criança ensonada, olhamo-nos de frente com os olhos a resplandecer de gratidão, de amor e paixão, de amizade, mas, sobretudo, de uma verdade que diz tudo e significa muito, a verdade do amor.

Esta verdade não precisa de palavras que a provem, nem de gestos que a representem, esta verdade está por baixo de nós, a sustentar o nosso amor, a elevar-nos na grandeza que é amar verdadeiramente alguém.

 

publicado por Papel digital às 13:51

link do post | comentar | favorito
Terça-feira, 1 de Abril de 2008

Para uma amiga ...

Há pessoas a quem perdoamos tudo e que nos saram todas as feridas; há pessoas que nos olham e vêem dentro de nós e nos adivinham os pensamentos e sonham os nossos sonhos; há pessoas que sendo só uma valem por uma multidão; há pessoas que vivem as nossas dores e se alegram com as nossas conquistas; há pessoas que nos merecem sempre, mesmo quando não podemos dar muito.

Há alguém a quem nunca conseguirei agradecer por muitas palavras que use, por muitos gestos de gratidão que retribua, por muitas mesuras que faça. Há alguém que merece sempre a minha disponibilidade.

São pessoas como estas que aqui descrevo que nos fazem pensar o mundo e a vida com optimismo, acreditar nos outros e nas utopias e que nos lembram a cada gesto feito e a cada palavra pronunciada o que é a amizade.

Obrigada, um muito obrigada, para ti que sabes a quem falo ...

publicado por Papel digital às 23:37

link do post | comentar | ver comentários (2) | favorito
Segunda-feira, 17 de Março de 2008

O que a vida nos dá e nos tira

Não tenho escrito. Tenho andado por ai  a ver os dias correr no calendário da vida, a olhar no espelho as marcas da sua passagem, a desfrutar a felicidade da maternidade e a sentir a minha dignidade a ser-me roubada a cada dia que o meu despertador cumpre a sua função pela manhã.

Sou, claro está, professora, mas podia ser apenas, Funcionária Pública. Essas pestes que desgraçaram o país e o levaram à ruína, bando de inoperantes e inúteis, corja de manipuladores do erário público!

Nada tenho a dizer que ainda não tenha sido dito. Resta-me a ironia e o desgosto a despontar nas teclas do meu PC, resta-me a liberdade de o fazer e de publicar as minhas palavras na blogosfera. Resta-me isto e pouco mais...

...mas resta-me o mais importante. Algo que gostaria que nenhum Ministério me retirasse e que nehuma política fizesse apagar: resta-me o conforto de ensinar, de me dedicar aos meus alunos como se fosse o último reduto de uma cidade saqueada e incendiada por bárbaros anónimos.

Tenho dito.

publicado por Papel digital às 09:07

link do post | comentar | favorito
Terça-feira, 5 de Junho de 2007

Tesouros da Cultura Nacional

Já repararam naqueles senhores que, nas feiras de Verão, se dedicam a vender mantas, toalhas, panos de cozinha, lençóis e afins, dentro da sua própria carrinha, conceito de espaço já de si interessante, de microfone em punho?

Não está só, o sujeito, que isto não é espectáculo que se organize assim do pé para a mão! Faz-se acompanhar de uma mulher, a sua, provavelmente, de olhar lânguido e inexpressivo, quase sempre um belo exemplar da espécie: buço bem visível, envergando uma gasta bata de limpeza, raiz de brancas com, pelo menos, dois centímetros.

Certo é que possui a nobre função de ir mostrando o artigo, à medida que este vai sendo descrito pela boca do especialista.

E que especialista!! Qual Eça, mestre da descrição, discurso e entoação capazes de fazer inveja a muito comentador da bola, movimentação e expressão corporal merecedora de um óscar cinematográfico!

E o homem não pára, e vira para a esquerda e agora para a direita, e ora pisca o olho à possível compradora, ora lhe atira um daqueles piropos de envergonhar a mais descarada das sujeitas, e desdobra a manta linda com o leopardo desenhado e aponta para a toalha de cozinha com o galo de Barcelos estampado, e grita, e canta, e gesticula energicamente: "Não me obriguem a roubar, eu quero é vender!!!"

Sinceramente! Quem é que é capaz de ficar indiferente a tão sensato apelo? Entre os euros para a fartura, para o churro e para a imperial, para a voltinha no carrossel e para o algodão doce, hão-de sobrar uns trocos para comprar qualquer ao senhor. Livrá-lo daquele sufoco. Aliviar aquela tensão passa a ser prioridade para qualquer família mais atreita à lamechice e dada à lágrima fácil.

"Ó Manel, estou a precisar de um resguardo para os miúdos!". O Manel, entre as canecas e os Pinochets, que depois de uma semana de trabalho está disposto a tudo para que reine a paz e o sossego, abre os cordões à bolsa e vai de resguardo e lençol de banho e lençol para baixo e lençol para cima e capa de edredão ... vai a família aviada com uns soquetes de brinde para os miúdos e um napron para a senhora, que a almas assim caridosas deve ser feito o bem ainda na Terra, para quê esperar tanto para lhes agradecer!

Continua o nosso Eça a queixar-se da vida e a bendizer a qualidade dos seus artigos de flanela e de algodão, segue o Manel e a família manuelina a maldizer da vida e da má-hora em que por ali passaram, continua a festa em qualquer lugar, por este país fora... São tesouros da nossa cultura nacional!

publicado por Papel digital às 21:52

link do post | comentar | favorito
Segunda-feira, 19 de Fevereiro de 2007

Antigamente é que era...

Esta expressão, com a qual os mais "antigos" se habituaram a iniciar as suas opinativas argumentações acerca dos tempos de hoje, tira-me do sério, tira-me o sono e tira-me o mais rasgado sorriso na cara.

Qualquer um que se passeie com alguns cabelos brancos, varizes nas pernas e cujo o rosto já deixe vislumbrar uma ou outra ruga mais vincada, coloca aquele ar de "eu é que sei" e vai dai: Antigamente é que era...

... os filhos tinham respeito aos pais; os alunos aprendiam a tabuada e escreviam sem erros; havia valores; respeitava-se os mais velhos;  ...

E eu acrescento:

corria-se os filhos e a mulher à tareia, o que era normal; os professores castigavam e humilhavam os alunos que não aprendiam e, como não "davam para a escola" eram convidados a deixar de estudar; os valores eram os impostos, vivia-se na ignorância; os mais velhos eram temidos, ser-se "criança" é uma ideia recente; ...

Todas as épocas têm uma marca que as individualiza. Vivamos o presente, ao invés de chorar um passado que, afinal de contas, não deixa tantas saudades...

 

publicado por Papel digital às 16:09

link do post | comentar | favorito
Sábado, 30 de Dezembro de 2006

Em nome do Amor

Chegaste sem o aviso de uma tempestade, sem que a Terra tremesse, sem que a água inundasse os vales e arrastasse a lama pelas colinas em jeito de festejo.

Chegaste embalada pelos deuses, em surdina, sem que os anjos te ouvissem e fizessem soar sinos de um anúncio divino e providencial.

Chegaste e rasgaste sorrisos no nosso rosto, desenhaste lágrimas quentes nos nossos olhos felizes e tornaste mágico o nosso mundo.

Planeámos-te, construímos-te de acordo com os desígnios da nossa imaginação. Queremos que a tua vida seja um castelo cor-de-rosa, que nunca sintas as garras do medo, os punhais da inveja, as dores da derrota, a mágoa da desilusão. Mas sabemos que não será assim… Um dia sairás, atravessarás o alpendre e o pátio, descerás os degraus, percorrerás o jardim e abrirás as portas do teu castelo de açúcar e natas batidas em amor.

Ainda assim, todos os pais do mundo ignoram as leis da física, desafiam verdades absolutas, duplicam-se, desdobram-se, desbravam caminhos intransponíveis, combatem fantasmas e gnomos e bruxas e magos e feiticeiras e ogres feios em florestas imaginárias; aventuram-se por montes e vales; atravessam rios e densas florestas com árvores frondosas e assustadoras; percorrem áridos desertos sem sombras e sem oásis num infinito de areia escaldante.

Será tudo o que podes esperar de nós: guiar-te-emos por caminhos de fadas munidas de varinhas mágicas, por estradas transparentes de cristal, anunciaremos as tuas vitórias em recitais de flores e borboletas, transformaremos os teus desejos com a lâmpada de Aladino, combateremos os teus medos com a Excalibur do rei Artur, viveremos as tuas alegrias a cada baile de Cinderela e procuraremos que nunca exista uma maçã envenenada no teu mundo de princesa.

Chegaste e fadámos-te pelas leis secretas da paixão e pelas teias infindáveis do amor.

Chegaste e ficámos para sempre em dívida para com Deus, a vida e a natureza!

publicado por Papel digital às 11:50

link do post | comentar | favorito
Sexta-feira, 1 de Setembro de 2006

O Regresso

Quando os lápis, canetas e mochilas começam a substituir as bóias, braçadeiras e toalhas nos espaços das grandes superfícies comerciais, sabemos que Setembro está a chegar ao fim e que o dever nos chama.

Professores e alunos preparam-se para mais um ano. Os cadernos virgens, os manuais intactos, o estojo impecável, a mochila nova, tudo preparado para o regresso às aulas. Na pasta da maioria dos professores, mora a expectativa de um ano melhor que o anterior, de um ano em que o sucesso dos alunos marque o seu próprio sucesso.

Na minha pasta tenho muitas recordações de anos bons: caras felizes, sorrisos de cumplicidade, olhos pedindo socorro ... Tenho também lembranças do que é mau, mas que tento transformar em optimismo, numa reciclagem de energia que tem que ser feita no início de cada novo ciclo.

Um professor tem que esperar mais dias maus do que bons: tem, com toda a certeza, muitos conflitos a sanar, muitos problemas com os quais tem que lidar; mas, um bom dia vivido nesta profissão torna-se inesquecível e é vivido para sempre. Sempre que o professor abre a sua pasta e deixa sair tudo o que tem para ensinar sobre os livros e a vida e as pessoas que lá moram.

publicado por Papel digital às 13:13

link do post | comentar | favorito
Quinta-feira, 20 de Julho de 2006

Também queria ser bombeira ou jogar futebol...

Na minha profissão também apago fogos, no entanto, nunca tive direito a aplausos ou ovações da multidão; também tenho que agir ao som da campainha e ninguém me atribui louvores de coragem; também corro perigos e combato adversidades e não oiço um elogio.

Na minha profissão também finto adversários, também corro contra o tempo, também vivo sobre pressão, também colecciono vitórias, também marco os meus golos e nunca me senti apreciada nem agraciada pelo público.

Bombeiros e jogadores de futebol são as únicas classes profissionais merecedoras de reconhecimento em conversas de café e em todos os espaços televisivos. São os heróis de uma nação triste, eternamente à espera de um qualquer Sebastião que há-de regressar da batalha para restaurar a grandiosidade há já muito perdida.

Na minha profissão também me comprometo quando os ventos mudam, também me entrego sem reservas para obter uma vitória, mas sempre que se ouve falar nela, ou o fazem com  uma condescendente piedade ou com laivos de mordaz ironia. Sinto-me barricada pela opinião pública, sequestrada por uma atitude geral que não se compadece com o esforço empreendido.

Claro está, sou professora, mas também podia ser advogada, juíza, médica, enfermeira, polícia: o discurso seria o mesmo. Neste país não se reconhece mérito e tem-se dificuldade em enaltecer seja o que for. Há sempre críticos disponíveis com a sua opinião pronta e pertinente (num país em que ter opiniões ainda está na moda); há sempre alguém com razões para se queixar em frente às câmaras; há sempre um lesado, um infeliz, um mártir com uma tragédia a explorar.

É esta atitude de nos diminuirmos uns aos outros que faz de nós tão pequenos aos olhos da velha Europa da qual, às vezes, nos lembramos que fazemos parte.

 

 

publicado por Papel digital às 09:16

link do post | comentar | ver comentários (4) | favorito
Terça-feira, 27 de Junho de 2006

Corpos à deriva

Por que razão nos sentimos sem rumo, ainda que nos sintamos felizes?  Por que razão nos ditam como devemos ser, o que devemos sentir, de que forma devemos pensar? Por que razão tiramos do bolso frases feitas, piadas prévias, desejos antecipados?

Somos marionetas articuladas nas mãos tiranas de incompetentes. Vemos o nosso destino jogado como um dado que se projecta em cima de uma mesa de veludo verde. Sentimos a impotência de comandar a vida que escolhemos para nós: deixam-nos suspensos no ar em asfixia de consolo ou submersos por leis impostas pela insensatez.

Deixem-nos sair da concha, tirem-nos as vendas escuras, as mordaças da boca, libertem-nos o pensamento ... Só queremos ser nós, gritar a liberdade de se nascer sem se pertencer a nada nem a ninguém, cravar as unhas na vida que nos resta e vivê-la com a intensidade de correr nos ponteiros do relógio.

Alguém nos ouve? Há alguém por ai?

 

publicado por Papel digital às 17:01

link do post | comentar | favorito
Domingo, 25 de Junho de 2006

Um corpo dentro de outro corpo

Desde que descobri que tinha um corpo a formar-se dentro do meu corpo nunca mais os dias foram iguais. A vida tornou-se um bailado entrenecedor entre dois corpos aninhados numa simbiose de amor, um correpio de ansiedade exaltante, uma troca de energias que não consigo descrever em palavras.

A maternidade é mágica, já todos ouvimos dizer, mas a magia de dois corpos se multiplicarem num acto de amor vai além da nossa percepção e desafia a nossa inteligência, como aliás o faz qualquer magia.

Hoje, quando olho para ela, não sou capaz de imaginar nada melhor que pudesse estar a fazer naquele momento. Deixo-me perfurmar com o cheiro da sua pele, aqueço-me com o bater do seu coração, apaixono-me em cada gesto, cada sorriso, cada olhar, cada choro, num turbilhão de sentimentos que me devasta como uma tempestade tropical e me deixa em lama ... numa satisfação plena que nenhum outro sentimento ou circunstância seria capaz de proporcionar.

Estou colada a ela pelo adesivo da paixão, unidas por um sentimento incondicional, por uma lei inviolável, num acto de partilha e de entrega inquestionável.

A dependência do corpo dela pelo meu corpo é o meu prazer supremo. E quando penso que este amor é tão intenso que não pode agigantar-se mais, eis que nasce um novo dia de encanto e tudo o que me liga áquele corpo se engrandece e me aprisiona com as correntes de um amor rendido.

publicado por Papel digital às 08:23

link do post | comentar | favorito

ocorpoopaco.mais sobre mim


ocorpoopaco. ver perfil

ocorpoopaco. seguir perfil

ocorpoopaco.pesquisar

 

ocorpoopaco.Agosto 2008

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
25
26
27
28
29
30
31

ocorpoopaco.posts recentes

ocorpoopaco. A Verdade do Amor

ocorpoopaco. Para uma amiga ...

ocorpoopaco. O que a vida nos dá e nos...

ocorpoopaco. Tesouros da Cultura Nacio...

ocorpoopaco. Antigamente é que era...

ocorpoopaco. Em nome do Amor

ocorpoopaco. O Regresso

ocorpoopaco. Também queria ser bombeir...

ocorpoopaco. Corpos à deriva

ocorpoopaco. Um corpo dentro de outro ...

ocorpoopaco.arquivos

ocorpoopaco. Agosto 2008

ocorpoopaco. Abril 2008

ocorpoopaco. Março 2008

ocorpoopaco. Junho 2007

ocorpoopaco. Fevereiro 2007

ocorpoopaco. Dezembro 2006

ocorpoopaco. Setembro 2006

ocorpoopaco. Julho 2006

ocorpoopaco. Junho 2006

ocorpoopaco. Maio 2006

blogs SAPO

ocorpoopaco.subscrever feeds